sexta-feira, 30 de abril de 2010

PARECEMOS COGUMELOS

Fotogenia micológica

Exposição de fotografia temática, no Clube de Ténis de Braga, da autoria de Guilherme Sanches

PARECEMOS COGUMELOS

Desde logo por sermos muitos e acumulados cada vez mais em numerosos e altivos casarios e estes se concentrarem em metrópoles cada vez mais extensas e ocupadoras de espaço natural.
Desde logo por nos vermos olhados de cima e parecermos todos de igual porte e aspecto, mesquinhos à medida que se ergue a tomada de vistas, depois minúsculos, insignificantes, desaparecidos.
Desde logo por termos na forma do cogumelo explosivo a nossa paradigmática ideia de bomba atómica. Mas também pela fragilidade de cartas de baralho com que nos abatem as tragédias naturais, os terramotos, os tsunamis, as avalanches, os deslizamentos, as enxurradas.
Parecemos cogumelos.
Uns, luminosos e confiantes, outros, tímidos e apagados. Todos perecíveis. Todos também resistentes à ideia de perecividade, tudo fazendo para adiar a hora de um desaparecimento ou anulação de vida, tudo fazendo para uma continuidade de aspecto e de memória. Uns fiados no seu habitat, outros fiados em si próprios, parecemos cogumelos: variados na forma e no conteúdo, variados na ocupação dos chãos, isolados ou agrupados, identificados e contextualizados.
Quem nos vir dirá de nós o que diz dos cogumelos: bonitos uns e agradáveis, feios outros e abomináveis, tudo com base em argumentos de forma, aspecto, tamanho, cheiro, localização. Seremos levados em linha de conta pelo préstimo que tivermos, coisa que mais depressa nos levará à extinção do que à permanência: sermos requintadamente saboreados parecer-nos-á um topo de excelência, sermos repudiados como venenosos e asquerosos será o rebaixamento desprezível. Sujeitos ao tempo e às intempéries, somos ainda mais sujeitos á recolecção e completamente sujeitados á biqueira de qualquer bota imprevidente ou maldosa.
Teremos o nosso tempo de fulgor e honra faremos a quem no-lo aumentar desmedidamente por meio de filme ou película impressionável, pintura ou esquisso, técnica de secagem ou de fixação.
Seremos tomados por tudo e por todos, pelo sujeito erecto e viril, pelo sujeito humilde e frágil, pelo sujeito exibicionista e fanfarrão, pelo sujeito dependente e parasitário, pelo par homo, pelo par hetero, pelo grupo protegido, pelo grupo indefeso, pelo grupo organizado, pelo grupo tresmalhado, pela multidão composta, pela turba caótica. Temos connosco toda a retórica das palavras e das imagens, toda a retórica dos odores, toda a retórica dos contactos.
É bem certo que somos inspiradores de muito imaginário: este marialva, aquele efeminado, este nu, aquele vestido, este encolhido, aquele desbundado, este natural, aquele produzido, este rei, aquele escravo, este macho, aquele fêmea. Minúsculos e invisíveis, extensos e apreensíveis, autónomos e dependentes, somos sempre de uma fragilidade absoluta. Classificáveis, somos estudados e apreciados, vistos pelo prisma da utilidade extrema e imprescindível, mas também denunciados como perturbadores e invasores.
Temos a nossa graça e a nossa desgraça por vezes em momentos muito próximos, outras vezes demoramos todo o ciclo de vida à espera de um reparo. Quando brilhamos na nossa singularidade, logo nos atiram aos ouvidos a utilidade imediata, ou os disparates do veneno ou o incómodo de não estarmos no lugar certo à hora certa.
Quando nos juntamos, dois, alguns ou muitos, milhares mesmo, logo nos trocam pelos encantos da vizinhança, ou do hospedeiro, ou do lugar, ou da nesga de território em que nos sustentamos.
Vale-nos quem nos ama, quem nos estuda a vida, quem nos guarda a memória. Vale-nos quem nos olha e nos deixa estar, quem nos favorece todo o tempo do mundo.

José Machado, 2010.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Na minha rua

Nascem cogumelos "coprinus comatus". A minha rua é sossegada, a ver pelo musgo que nasce entre os paralelos da calçada.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

KATIA

Não fui de propósito, mas iria. E valeria a pena ter ido. Não será porventura a melhor fadista da actualidade, mas é seguramente a voz feminina do fado que mais gosto de ouvir. Pela sua forma de entoar, pelo seu cantar "sinusitado", pela criteriosa selecção da poesia que canta, e basta.

É Fado, quase de faca, quase de alguidar, mas poética e elegantemente afastado do triste fado que existe, do triste fado que é triste, do triste fado que é Fado.

Já gostava antes, e foi muito agradável ter assistido pela primeira vez a um concerto ao vivo de Katia Guerreiro, em ambiente meio intimista, no Auditório da Casa da Cultura de Mogadouro,

e no final, um autógrafo no CD.


Obrigado, Doutora Katia, fica aqui uma imagem da sua actuação.



De tarde, no mesmo local, tinha sido a abertura oficial da semana micológica e a inauguração da exposição.

Não havia fado, havia menos gente para "ouver" Cristobal Burgos.

Amanhã, dia 6 de Novembro, começa o encontro de Outono da Pantorra, lá vamos de malas aviadas, e de regresso cá estaremos para dar um cheirinho do que foi, mas que por agora ainda vai ser.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SEMANA MICOLÓGICA TRANSMONTANA

Estamos quase quase, parece que para os lados de Mogadouro já se ouve o barulho dos motores a aquecer, e vá lá... hoje começou a chover. Timidamente, mas começou.
A edição de Outono da reunião da Pantorra já está a andar, desta vez com um programa alargado.
Para os curiosos, aqui vai. Para os interessados, se precisarem de mais é só contactarem-me que eu envio a ficha de inscrição e informação logística sobre Mogadouro e seus belos arredores.
O texto do programa, vou copiar do email e publicar... mas o cartaz não. Vou ver se faço um mestrado (acho que até devia ter vergonha de não ter um mestrado) para aprender a copiar do PDF para o blog...


Programa
Semana Micológica Transmontana

Mogadouro, Casa da Cultura, de 31 de Outubro a 8 de Novembro

31 de OUTUBRO
18h00
- Inauguração da Semana Micológica Transmontana
18h15 - «O mundo mágico dos cogumelos – audiovisual» por Cristóbal Burgos (entrada livre)
19h00 - Inauguração da Exposição Micológica na Casa da Cultura de Mogadouro (entrada livre)
22h00 - Actuação da fadista Kátia Guerreiro (entrada livre)

1 de NOVEMBRO
17h00 - «A Associação Micológica A Pantorra ao longo de 10 anos - audiovisual» por Marcos Prata
(entrada livre)
18h00 - Visita à Exposição Micológica (entrada livre)

2/3/4/5/6 de NOVEMBRO
Exposição Micológica na Casa da Cultura de Mogadouro (visitas guiadas para às escolas, marcação previa)

6 de NOVEMBRO
18h00 / 20h00 - Levantamento da documentação e inscrição para os percursos do XI Encontro Micológico
Transmontano (só os inscritos previamente)
18h00 / 20h00 - Visita livre à Exposição Micológica

7 de NOVEMBRO
08h30 - Saída para o campo (só os inscritos previamente)
13h00 - Pic-nic de convívio nos arredores da Barragem de Penas Roias
16h30 - «Cinquenta anos de intoxicações por cogumelos em Portugal» por Alunos do ICBAS- Porto
(entrada livre)
17h15 - «Ecologia dos cogumelos: consumo sustentável» pela prof.ª Doutora Celeste Silva (entrada livre)
18h00 - «Os melhores cogumelos comestíveis e os tóxicos mais perigosos» pela Dra. Purificación Lorenzo (entrada livre):
18h45 - «Museus, Centros de Interpretação e Jardins Micológicos na região Mediterrânica» pela Dra.
Mónica Sánchez (entrada livre).
20h30 - Jantar Micológico no restaurante 2000 (só os inscritos previamente)
22h30 - Actuação do cantor Manuel Freire (entrada livre)

8 de NOVEMBRO
10h00 - «Possíveis usos artesanais e turísticos dos cogumelos» pela prof.ª Doutora Marisa Castro
(entrada livre)
10h45 - Exposição Micológica ou visita ao Centro I.E. Micológicas de Rabanales (Zamora) (só inscritos,
deslocação em carros particulares)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Encontro de Primavera I

... E então no dia seguinte, no Domingo de manhã, lá fomos para Bemposta, para a casa dos sempre disponíveis Manuel e Laurentina. Íamos de barco ao outro lado apanhar espargos selvagens para o almoço.
Íamos, mas o relógio adiantou-se, e já não fomos. Em vez disso, um passeio rio acima, a ver as margens, à margem do Douro, entre o céu e o rio. Tanta coisa de ímpar beleza. Uma horita, e umas dezenas de fotografias. Escolhi esta, que carrega consigo uma lenda. Ora vejam e leiam:



“Perde-se a contagem na amnésia do tempo, o tempo distante em que esta lenda aconteceu, mas perdura e relembra-se com ternura, na memória das gerações que a fantasiam.”


LENDA DA FREIRA E DO MONGE


Cresceu nas veredas pedregosas das margens do rio que a viu nascer. Corria ligeira pelos trilhos que conhecia de cor, levando a merenda ao pai, quando este guardava as ovelhas que eram o sustento da casa. Tinha uma figura esguia, os olhos cor de musgo novo e chamava-se Mariel.
Quando a Fé a chamou, respondeu ao apelo do convento que via diariamente da sua modesta casa, e que ficava no alto do monte onde tantas vezes passava com o gado.
Ali recolheu a sua juventude de noviça, dedicando todo o seu ser à oração e à partilha dos trabalhos conventuais.
Também de cor, conhecia as plantas e os frutos silvestres que toda a vida fizeram parte da alimentação que as gerações passadas lhe ensinaram a usar. Por isso, era-lhe permitido sair do isolamento e da austeridade do Convento para ir ao campo procurar as coisas que a natureza dava, consoante a época do ano.
Traída pelas ervas escorregadias das pedras molhadas pelo orvalho da manhã, naquele dia escorregou e caiu por entre duas fragas de granito que a prenderam, e de onde se não conseguia soltar.
Com as forças que tinha, gritou a plenos pulmões na esperança de que naquele local deserto, existisse alguém que a ouvisse e a socorresse.
Lá em baixo, Fabio pescava nas águas do Douro, o peixe que havia de levar para o convento que ficava bem longe, do outro lado do rio.
Ao ouvir os gritos de aflição, não hesitou e atravessou para a outra margem, subindo as arribas por entre os arbustos, guiado pelo som dos apelos que o conduziram até Mariel
A custo conseguiu soltá-la das pedras que a prendiam, e abraçou-a com força para conseguir carregá-la mais para cima, até lugar seguro. Foi um momento mágico aquele em que pela primeira vez cada um pode sentir nesse abraço o calor arrepiante do corpo do outro.
A primeira vez vezes dois. Seres que se separaram com um sorriso e um brilho nos olhos, gravado para sempre nos seus corações.
Nas semanas seguintes, ambos regressavam secretamente aquele lugar, cada um na esperança de poder encontrar, ainda que fugazmente e à distância, ainda que fosse apenas ver, a imagem que marcou aquele encontro. Em vão.
Mas um dia aconteceu. Ao subir a uma fraga para tentarem alcançar mais largos horizontes, de repente e com surpresa, encontraram-se frente a frente. Os olhos cor de musgo novo cintilaram em frente a Fabio. Os dele cerraram-se incrédulos. Nem uma palavra. Não era preciso. Apenas um sorriso. Nenhum sabia o que dizer, mas num impulso estenderam os braços e seguraram as mãos do outro.
Foi um instante apenas. A trovoada que se desenhava no ar, descarregou sobre eles um raio naquele momento, petrificando os seus corpos.
Ainda hoje ali estão, frente a frente, a meio da escarpa rochosa, na margem esquerda do Douro. Dizem que ao amanhecer com nevoeiro, em Setembro, no sussurar da água do rio e no esvoaçar das folhas que o vento do fim do verão faz cair, se ouvem os segredos que silenciosamente trocam entre si.
Vêem-se quando se sobe o rio, segurando as mãos, e vêem-se os corpos aproximar-se lentamente até se unirem num abraço.
O abraço da paixão impossível que o pecado eternizou.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ponto final

Ponto final. Não há mais conversa sobre o X encontro Micológico da Pantorra, ocorrido no passado mês de Novembro de 2008.
Ofereço-vos como objecto de ligação à recordação e à memória, estes dois pequenos cogumelos, seguros entre os dedos da mão de quem já tratou muita gente e já salvou muita vida.
É da mesma forma que se faz micologia, com esta ternura aqui representada.


Daqui a uma semana, estaremos de volta a Terras de Mogadouro para a saída de Primavera. Esperemos que o tempo colabore e Deus me ajude e inspire para contar (quase) tudo de novo. Ainda que mais ninguém colabore. Ainda que ninguém comente. Ainda que ninguém leia. Mesmo assim, tudo isto é feito a pensar em vós.

Cenas

Ainda durante o pic-nic - de mesa em mesa, onde se expôem os mais deliciosos petiscos. É comer, que o passeio desgastou...

Já depois do jantar, faz-se o visionamento prévio das fotografias feitas durante o dia. Pelas caras, parece que gostaram. Obrigado.

Durante o evento micológico, decorria na Casa da Cultura uma exposição sobre a vida de Trindade Coelho. Depois da Assembleia, foi-nos oferecida uma visita guiada. Foi pena que a menina (Dra?) que se esforçou pos explicar tudo, não tivesse assistido no Auditório às exposições da Tereza e da Ana sobre o mesmo tema. Teria talvez aprendido um pouco mais e teria evitado de nos injectar uma segunda dose do mesmo, em versão maçuda.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

À Margem do Encontro

Saída de Campo sempre significa um contacto próximo com a Natureza.

Muito próximo, e mais ainda para quem vem de mais longe e saboreia com outro apetite o deslumbramento que a vida vai oferecendo.



No explendor do Outono, num carnaval colorido de tons quentes, as folhas despegam-se das árvores e vão em grupo mascaradas ribeira abaixo, proporcionando esta beleza flutuante.



Na margem, os cardos cujos picos nos mantêm à distância, exibem a sua intocável altivez, limitando a intimidade apenas ao olhar.

E mais ao longe, uma imagem sem palavras, como um texto para ler devagarinho.

Mais do mesmo

"Encenado" para a fotografia, e "A cesta da Ana", em baixo




Cogumelos, até que enfim!

É uma vergonha!

Um blog de cogumelos, e ando para aqui há três ou quatro dias a dar à treta, e nem a fotografia de um cogumelo! Nem "umzinho", para amostra...

Pois aqui estão. Os cogumelos, e mais alguns personagens micologistas decerto, dos que gostam mesmo e que, ao contrário de mim, sabem mesmo do assunto.

Neste contexto, eu acho que até deveria ter mais contenção verbal e respeito cultural, mas o companheirismo e a amizade que sentimos levam-nos a eliminar as barreiras que os títulos académicos normalmente colocam, sendo apenas e só nós mesmos, com o nome que está na cédula pessoal, no BI ou no cartão de sócio do Salgueiros.





Eu acho que o Harménio fez batota... Cá para mim aquilo são plásticos! Ou então foi ao supermercado comprá-los... E a Prof Dra Marisa analisa.



Para quem pensa que um encontro da Pantorra é apenas conversa, comes e bebes e fotografias, desengane-se. No final da saída, compilam-se, observam-se e discutem-se as espécies recolhidas com o empenho bem visível nestas duas imagens (nota - o dedo com que o Paraíso esclarece é o indicador...)


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Vai tudo a eito

Saída de Campo - início da actividade do grupo de Bruçó
Olhos postos no chão - olhem bem, podem estar em qualquer parte!

SAÍDA DE CAMPO
Desta vez, formaram-se dois grupos, cada um com os seus coordenadores científicos (é impressionante - "eles" sabem tudo - a cor, o cheiro, o sabor, quantas vezes se podem comer... tudo!).
Um grupo foi para a Trindade, no planalto Mirandês, e este (sem dúvida o melhor) foi para estes terrenos à entrada de Bruçó, entre Castelo Branco e Lagoaça.
Umas quarenta pessoas ao todo (as da fotografia do poste e mais alguns atrasados), transportados num autocarro e mais três ou quatro carros.
Com o habitual interesse, iniciou-se então a observação/pesquisa/busca/apanha/fotografia dos cogumelos mais interessantes que iam aparecendo .
Como se pode ver, era uma zona de castanheiros, numa aldeia em que a castanha tem um papel importante na economia agrícola local.
O Sr Júlio (acho que se chamava assim, mas se não for também não interessa) chega a certa altura, de carro e mais a mulher, 'que iam apanhar castanhas'. Mais lá em acima, num terreno com uns castanheiros que ali têm, mas dava jeito deixar ali o carro...
Com o reconhecimento de alguns amigos no grupo e mais dois dedos de conversa, lá foi abrindo o jogo e confidenciando
- Estava no café (em Bruçó), e já lá tinha chegado a notícia.
- "olha, chigou agora ali uma camionete carregada de mulheres, sairam de lá todas com as cestas, vão apanhar as castanhas todas" - "levam tudo a eito"!
Em defesa da honra e como esclarecimento, devo informar que não era verdade! É um exagero - Não eram só mulheres, também havia muitos homens...
Ah! E micologista que se preze até nem gosta de castanhas... Têm ouriços, fazem azia e gases malcheirosos...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Petiscos de Pic-nic


Faz parte, e para alguns não faz apenas parte, faz a totalidade do encontro, o pic-nic junto à barragem de Penas-Roias. Uma imagem só para abrir o apetite, demonstrativa do empenho gastronómico que alguns companheiros colocam no evento. Ele são os peixinhos de escabeche do Sabor (para quem não saiba, Sabor é rio afluente do Douro e pronuncia-se como "a" aberto) com um sabor (com "a" e boca fechados) de arrepiar, ele é o pão de urtigas, ele é a tarte de frutos vermelhos e azuis, ele são aqueles frutinhos exóticos vindos dos lados de Tarouca... e o resto, e o resto de que se não pode escrever a horas de jantar.

A Pantorra no Outono - Aula de tabuada

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TEXTO DESTA PUBLICAÇÃO
CENSURADO, RETIRADO, APAGADO
PELO PRÓPRIO AUTOR
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Absoluto e relativo

O absoluto e o relativo que se confontam em nós numa disputa lúdica pela validade sensorial.
Por mim, ganha o relativo. O absoluto pouco vale, e serve apenas como ancoradouro métrico de valorização exclamativa do relativo.
Atão e porquê?!
Parece que é pesado, ainda que seja leve... é pesado!
Parece que está frio, ainda que estejam 30 graus... está frio!
Parece que demorou uma eternidade, ainda que fosse apenas um instante... demorou muito, e “prontos”!
Poderia continuar por aí acima ou por aí abaixo a desenrolar esta espiral pseudo-filosófica até chegar aonde eu quero ou ao polo oposto, mas que interessa?
Preocupa-me pouco o que possam pensar, porque não o vão ler, mas quero ficar em paz comigo.
Explico-me melhor.
Em Novembro passado, dia 17 (podem confirmar, ainda aqui permanece escrito), prometi que iria contar o que foi o X Encontro Micológico da Pantorra. Que não sabia quando, mas que não iria demorar.
Dia 17 de Novembro, ainda nem passaram cinco meses, lembro-me perfeitamente como se fosse ontem. Parece que foi ontem!
Deixem-me fazer a conexão com o início deste texto – parece que foi ontem... Foi ontem!
Dois dias, um tempo tão curto, apesar do frio e das neves de um Inverno que entretanto começou e acabou, de uma matança do porco em Linhares cujo petiscoso almoço me deixou literalmente de rastos, apesar de uma hérnia “de escala” que me mandou para o estaleiro seis semanas... de aturar não sei quantos clientes, que mesmo quando não pagam são cada vez mais esquisitos,,, Tão breve foi o tempo, que a Libra Esterlina de Sua Majestade não teve sequer tempo para descer mais de trinta por cento em relação ao Euro, nem a gasolina teve tempo de descer mais do que dois ou três cêntimos por litro...
Tudo isto em dois dias de tempo relativo...
Se alguém se deu ao trabalho de ler isto, já reparou que é mais fácil escrever sem dizer quase nada do que falar do Congresso da Pantorra que já foi e já quase lá vai para fora da minha memória.
Mas faz sentido, este gesto escusatório, se souberem o susto que apanhei quando há dois dias recebi o email da Anita a informar sobre a Assembleia Geral da Pantorra e a saída da Primavera, daqui a menos de duas semanas.
O quêêê?!!! Jaáá???!!!
Aqui eu dei-me conta que tenho este blog, há que o manter respeitável, e como não sou político, tenho o dever de cumprir o prometido.
Por isso, vou fazê-lo
Hoje já é um pouco tarde, as miúdas começam as aulas amanhã, tenho a password do blog lá em baixo, o outro computador está desligado e não tenho acesso às fotografias...
Bom, já entendi a vossa compreensão e acordo, portanto amanhã publico isto e mais qualquer coisa, talvez umas fotografias valeu?
Pronto, então obrigado e boa noite a todos.
(escrito ontem à noite e publicado hoje à tarde - curiosamente - um ano menos vinte minutos depois de ter iniciado a publicação deste Blog)

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

ANARQUIA




Por manifesta falta de tempo e ausência deste meu espaço, não me tem sido possível organizar a apresentação das imagens nem relatar o 10º Encontro Micológico da Pantorra.


Vou fazê-lo, e posso afirmar sem qualquer dúvida, que não sei quando vai ser. Mas não vai demorar.
Por isso esta espécie de anarquia, hoje vai uma imagem do final, depois outra do início... Compreendam e desculpem.

Hoje, cumpro um compromisso - publicar a fotografia da Ana (espero que gostes), com dois belos exemplares - um Boletus ... na mão direita e uma Macrolepiota Rhacodes (diz a Marisa, que é quem sabe) na mão esquerda.


A pedido, vai também a fotografia do poste, que a EDP colocou ali mesmo a jeito, para a fotografia de família do grupo que foi para Bruçó.
Este ano tenho mais imagens de "gente" do que o habitual. Vão ver!
Um abraço a todos e até daqui a uns dias.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Votação

Mesa da Assembleia Geral da Pantorra, dia 8 de Novembro.
Da esquerda para a direita, Xavier, Paraíso, Tereza e Manuel.
No final da Assembleia, foi lida a acta da Assembleia anterior, que foi posta à votação pela Tereza:
- Quem vota contra?
- ... (ninguém)...
Quem se abstém?
- ... (ninguém)...
- Aprovada por unanimidade, incluindo os que estão a dormir...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

PANTORRA 08 - WARM UP


O tempo ajudou. Frio e húmido, mas sem chuva.

Pantorra 2008, na sua 10ª edição, em Mogadouro, como de costume. Houve cogumelos, um pouco do habitual, como um dia destes começarei a contar. Assim o tempo me sobre e as musas me inspirem.

Por hoje, é apenas uma abordagem meteorológica, como se faz sempre, antes de sair para os procurar no chão - olhar para o céu, a ver se o tempo vai de feição. Era assim, como a imagem mostra.

Esta imagem sugere-me, desde já, ao estilo oratório de Hermano Saraiva:

Aqui, neste lugar em que me encontro!... debaixo destes altivos pinheiros!... por baixo da caruma molhada pelo orvalho do Outono!... crescem os mais deliciosos cogumelos que a Natureza dá no Nordeste Transmontano! Os "Lactarius Deliciosus", nestas terras muito apreciados e conhecidos por "Sanchas".

(se alguém estiver a pensar que as estou a elogiar por causa do nome, eu esclareço - as Sanchas não são da minha família...)

Sobre a Pantorra 2008, prometo contar tudo - até a votação da acta.



terça-feira, 4 de novembro de 2008

Eles aí estão!











Que vergonha! Mais de três meses sem dizer nada... Mas também só agora é que está a chegar ao rubro da época dos cogumelos de Outono.
No fim de semana passado, fui revisitar as minhas origens e os meus parentes afastados e afins, que optaram por ficar - a minha mãe, duas irmãs e uma tia. Parentes afastados na geografia residencial, já se vê.
Era o sábado que em dia de finados levou da diáspora até Castelo Branco gente que passou comigo a meninice vivida nos extremos transmontanos, partilhada com a felicidade de a poder saborear ao ritmo lento do tempo, a que sobravam sempre horas que se liam na sombra que as casas e as coisas iam enigmaticamente desenhando na calçada da rua. Ou nas estrelas, ou nas badaladas do sino, ou no som do búzio, ou apenas na intuição que a fome ou o sono sugeriam.
Gente com rosto e nomes que nos lembram, gente com feições que nos fazem lembrar, gente que troca connosco simpáticos cumprimentos e enigmáticos olhares, e silenciosamente, sorridentemente nos deixa a dúvida - quem será?...
Foi a emoção real de rever também os que ali ficaram e hoje resistem ainda para recontar a estória daquela vez... e a outra e a outra, e as outras todas que ficaram por contar, que vamos relembrando enquanto nos afastamos, e que enchem de juventude a vida que parece ter sido ontem, e já lá vai... sabe-o Deus e nós o quanto tempo.
Foi bom, muito bom ter ali regressado, um ano atribulado por muitas aventuras, desventuras, doenças e curas depois.
Falámos de cogumelos com os entendidos locais - os Róculos (macrolepiota procera), já passou o tempo, já não há, as Sanchas (lactarius deliciosus), há quem já as comesse este ano, estão a aparecer, e os míscaros (boletus edulis), esses apanham-nos todos, nem se vêem... Entendemos, entendemos, ao preço que se vendem, há que mostrar indiferença...
A uma semana do congresso da Pantorra, perfilam-se as perspectivas da saída de campo, que devem ser boas - o tempo está de feição, e no fim de semana, lá estaremos de novo em Mogadouro (se esta gripalhada olímpica que de lá trouxe, entretanto se for embora).
Será tempo de rever os mico-companheiros e de partilhar os momentos que nos fazem esperar mais um ano para que voltem a acontecer. Só por isso, já é bom. Muito bom.
Para os interessados, fica aqui o programa que a Tereza recolheu, gentilmente cedido pelo tampo de uma mesa que estava não sei onde. Este ano, parece que esgotaram os envelopes e os selos para os enviar aos sócios. Sinais de crise, em tempo de crise...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

... mais do mesmo




Mais três imagens por hoje. Imagens de outono, para refrescar um dia quase de verão.

Não Vale!

Pela calada da Net, vêm visitar este local sem deixar rasto. São às dezenas ou talvez mais, e não diziam nada. Só depois da publicação anterior é que se revelarem, ao ser menosprezada a sua existência. É verdade - dizem-me que leram e que viram (e é verdade, senão não sabiam), e o meu contador de visitas, é afinal um contador de estórias.
Zeros - zerinhos, em vez dos resultados, gráficos, horários e médias anunciados para me aliciar a abrir as portas da minha privacidade.
Não está bem! Não vale! Por isso, vou denunciar o site. Chama-se www.sitemeter.com e não recomendo. Está certo que é grátis, mas quem não quer relatar, não diz que vai relatar.
Retornando à fase inicial, vou supor que afinal não há privacidade, que há gente por aí ou por aqui, e vou ter mais cuidado.
Desculpem então qualquer coisinha.
Guilherme