sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Na minha rua

Nascem cogumelos "coprinus comatus". A minha rua é sossegada, a ver pelo musgo que nasce entre os paralelos da calçada.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

KATIA

Não fui de propósito, mas iria. E valeria a pena ter ido. Não será porventura a melhor fadista da actualidade, mas é seguramente a voz feminina do fado que mais gosto de ouvir. Pela sua forma de entoar, pelo seu cantar "sinusitado", pela criteriosa selecção da poesia que canta, e basta.

É Fado, quase de faca, quase de alguidar, mas poética e elegantemente afastado do triste fado que existe, do triste fado que é triste, do triste fado que é Fado.

Já gostava antes, e foi muito agradável ter assistido pela primeira vez a um concerto ao vivo de Katia Guerreiro, em ambiente meio intimista, no Auditório da Casa da Cultura de Mogadouro,

e no final, um autógrafo no CD.


Obrigado, Doutora Katia, fica aqui uma imagem da sua actuação.



De tarde, no mesmo local, tinha sido a abertura oficial da semana micológica e a inauguração da exposição.

Não havia fado, havia menos gente para "ouver" Cristobal Burgos.

Amanhã, dia 6 de Novembro, começa o encontro de Outono da Pantorra, lá vamos de malas aviadas, e de regresso cá estaremos para dar um cheirinho do que foi, mas que por agora ainda vai ser.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

SEMANA MICOLÓGICA TRANSMONTANA

Estamos quase quase, parece que para os lados de Mogadouro já se ouve o barulho dos motores a aquecer, e vá lá... hoje começou a chover. Timidamente, mas começou.
A edição de Outono da reunião da Pantorra já está a andar, desta vez com um programa alargado.
Para os curiosos, aqui vai. Para os interessados, se precisarem de mais é só contactarem-me que eu envio a ficha de inscrição e informação logística sobre Mogadouro e seus belos arredores.
O texto do programa, vou copiar do email e publicar... mas o cartaz não. Vou ver se faço um mestrado (acho que até devia ter vergonha de não ter um mestrado) para aprender a copiar do PDF para o blog...


Programa
Semana Micológica Transmontana

Mogadouro, Casa da Cultura, de 31 de Outubro a 8 de Novembro

31 de OUTUBRO
18h00
- Inauguração da Semana Micológica Transmontana
18h15 - «O mundo mágico dos cogumelos – audiovisual» por Cristóbal Burgos (entrada livre)
19h00 - Inauguração da Exposição Micológica na Casa da Cultura de Mogadouro (entrada livre)
22h00 - Actuação da fadista Kátia Guerreiro (entrada livre)

1 de NOVEMBRO
17h00 - «A Associação Micológica A Pantorra ao longo de 10 anos - audiovisual» por Marcos Prata
(entrada livre)
18h00 - Visita à Exposição Micológica (entrada livre)

2/3/4/5/6 de NOVEMBRO
Exposição Micológica na Casa da Cultura de Mogadouro (visitas guiadas para às escolas, marcação previa)

6 de NOVEMBRO
18h00 / 20h00 - Levantamento da documentação e inscrição para os percursos do XI Encontro Micológico
Transmontano (só os inscritos previamente)
18h00 / 20h00 - Visita livre à Exposição Micológica

7 de NOVEMBRO
08h30 - Saída para o campo (só os inscritos previamente)
13h00 - Pic-nic de convívio nos arredores da Barragem de Penas Roias
16h30 - «Cinquenta anos de intoxicações por cogumelos em Portugal» por Alunos do ICBAS- Porto
(entrada livre)
17h15 - «Ecologia dos cogumelos: consumo sustentável» pela prof.ª Doutora Celeste Silva (entrada livre)
18h00 - «Os melhores cogumelos comestíveis e os tóxicos mais perigosos» pela Dra. Purificación Lorenzo (entrada livre):
18h45 - «Museus, Centros de Interpretação e Jardins Micológicos na região Mediterrânica» pela Dra.
Mónica Sánchez (entrada livre).
20h30 - Jantar Micológico no restaurante 2000 (só os inscritos previamente)
22h30 - Actuação do cantor Manuel Freire (entrada livre)

8 de NOVEMBRO
10h00 - «Possíveis usos artesanais e turísticos dos cogumelos» pela prof.ª Doutora Marisa Castro
(entrada livre)
10h45 - Exposição Micológica ou visita ao Centro I.E. Micológicas de Rabanales (Zamora) (só inscritos,
deslocação em carros particulares)

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Encontro de Primavera I

... E então no dia seguinte, no Domingo de manhã, lá fomos para Bemposta, para a casa dos sempre disponíveis Manuel e Laurentina. Íamos de barco ao outro lado apanhar espargos selvagens para o almoço.
Íamos, mas o relógio adiantou-se, e já não fomos. Em vez disso, um passeio rio acima, a ver as margens, à margem do Douro, entre o céu e o rio. Tanta coisa de ímpar beleza. Uma horita, e umas dezenas de fotografias. Escolhi esta, que carrega consigo uma lenda. Ora vejam e leiam:



“Perde-se a contagem na amnésia do tempo, o tempo distante em que esta lenda aconteceu, mas perdura e relembra-se com ternura, na memória das gerações que a fantasiam.”


LENDA DA FREIRA E DO MONGE


Cresceu nas veredas pedregosas das margens do rio que a viu nascer. Corria ligeira pelos trilhos que conhecia de cor, levando a merenda ao pai, quando este guardava as ovelhas que eram o sustento da casa. Tinha uma figura esguia, os olhos cor de musgo novo e chamava-se Mariel.
Quando a Fé a chamou, respondeu ao apelo do convento que via diariamente da sua modesta casa, e que ficava no alto do monte onde tantas vezes passava com o gado.
Ali recolheu a sua juventude de noviça, dedicando todo o seu ser à oração e à partilha dos trabalhos conventuais.
Também de cor, conhecia as plantas e os frutos silvestres que toda a vida fizeram parte da alimentação que as gerações passadas lhe ensinaram a usar. Por isso, era-lhe permitido sair do isolamento e da austeridade do Convento para ir ao campo procurar as coisas que a natureza dava, consoante a época do ano.
Traída pelas ervas escorregadias das pedras molhadas pelo orvalho da manhã, naquele dia escorregou e caiu por entre duas fragas de granito que a prenderam, e de onde se não conseguia soltar.
Com as forças que tinha, gritou a plenos pulmões na esperança de que naquele local deserto, existisse alguém que a ouvisse e a socorresse.
Lá em baixo, Fabio pescava nas águas do Douro, o peixe que havia de levar para o convento que ficava bem longe, do outro lado do rio.
Ao ouvir os gritos de aflição, não hesitou e atravessou para a outra margem, subindo as arribas por entre os arbustos, guiado pelo som dos apelos que o conduziram até Mariel
A custo conseguiu soltá-la das pedras que a prendiam, e abraçou-a com força para conseguir carregá-la mais para cima, até lugar seguro. Foi um momento mágico aquele em que pela primeira vez cada um pode sentir nesse abraço o calor arrepiante do corpo do outro.
A primeira vez vezes dois. Seres que se separaram com um sorriso e um brilho nos olhos, gravado para sempre nos seus corações.
Nas semanas seguintes, ambos regressavam secretamente aquele lugar, cada um na esperança de poder encontrar, ainda que fugazmente e à distância, ainda que fosse apenas ver, a imagem que marcou aquele encontro. Em vão.
Mas um dia aconteceu. Ao subir a uma fraga para tentarem alcançar mais largos horizontes, de repente e com surpresa, encontraram-se frente a frente. Os olhos cor de musgo novo cintilaram em frente a Fabio. Os dele cerraram-se incrédulos. Nem uma palavra. Não era preciso. Apenas um sorriso. Nenhum sabia o que dizer, mas num impulso estenderam os braços e seguraram as mãos do outro.
Foi um instante apenas. A trovoada que se desenhava no ar, descarregou sobre eles um raio naquele momento, petrificando os seus corpos.
Ainda hoje ali estão, frente a frente, a meio da escarpa rochosa, na margem esquerda do Douro. Dizem que ao amanhecer com nevoeiro, em Setembro, no sussurar da água do rio e no esvoaçar das folhas que o vento do fim do verão faz cair, se ouvem os segredos que silenciosamente trocam entre si.
Vêem-se quando se sobe o rio, segurando as mãos, e vêem-se os corpos aproximar-se lentamente até se unirem num abraço.
O abraço da paixão impossível que o pecado eternizou.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ponto final

Ponto final. Não há mais conversa sobre o X encontro Micológico da Pantorra, ocorrido no passado mês de Novembro de 2008.
Ofereço-vos como objecto de ligação à recordação e à memória, estes dois pequenos cogumelos, seguros entre os dedos da mão de quem já tratou muita gente e já salvou muita vida.
É da mesma forma que se faz micologia, com esta ternura aqui representada.


Daqui a uma semana, estaremos de volta a Terras de Mogadouro para a saída de Primavera. Esperemos que o tempo colabore e Deus me ajude e inspire para contar (quase) tudo de novo. Ainda que mais ninguém colabore. Ainda que ninguém comente. Ainda que ninguém leia. Mesmo assim, tudo isto é feito a pensar em vós.

Cenas

Ainda durante o pic-nic - de mesa em mesa, onde se expôem os mais deliciosos petiscos. É comer, que o passeio desgastou...

Já depois do jantar, faz-se o visionamento prévio das fotografias feitas durante o dia. Pelas caras, parece que gostaram. Obrigado.

Durante o evento micológico, decorria na Casa da Cultura uma exposição sobre a vida de Trindade Coelho. Depois da Assembleia, foi-nos oferecida uma visita guiada. Foi pena que a menina (Dra?) que se esforçou pos explicar tudo, não tivesse assistido no Auditório às exposições da Tereza e da Ana sobre o mesmo tema. Teria talvez aprendido um pouco mais e teria evitado de nos injectar uma segunda dose do mesmo, em versão maçuda.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

À Margem do Encontro

Saída de Campo sempre significa um contacto próximo com a Natureza.

Muito próximo, e mais ainda para quem vem de mais longe e saboreia com outro apetite o deslumbramento que a vida vai oferecendo.



No explendor do Outono, num carnaval colorido de tons quentes, as folhas despegam-se das árvores e vão em grupo mascaradas ribeira abaixo, proporcionando esta beleza flutuante.



Na margem, os cardos cujos picos nos mantêm à distância, exibem a sua intocável altivez, limitando a intimidade apenas ao olhar.

E mais ao longe, uma imagem sem palavras, como um texto para ler devagarinho.

Mais do mesmo

"Encenado" para a fotografia, e "A cesta da Ana", em baixo




Cogumelos, até que enfim!

É uma vergonha!

Um blog de cogumelos, e ando para aqui há três ou quatro dias a dar à treta, e nem a fotografia de um cogumelo! Nem "umzinho", para amostra...

Pois aqui estão. Os cogumelos, e mais alguns personagens micologistas decerto, dos que gostam mesmo e que, ao contrário de mim, sabem mesmo do assunto.

Neste contexto, eu acho que até deveria ter mais contenção verbal e respeito cultural, mas o companheirismo e a amizade que sentimos levam-nos a eliminar as barreiras que os títulos académicos normalmente colocam, sendo apenas e só nós mesmos, com o nome que está na cédula pessoal, no BI ou no cartão de sócio do Salgueiros.





Eu acho que o Harménio fez batota... Cá para mim aquilo são plásticos! Ou então foi ao supermercado comprá-los... E a Prof Dra Marisa analisa.



Para quem pensa que um encontro da Pantorra é apenas conversa, comes e bebes e fotografias, desengane-se. No final da saída, compilam-se, observam-se e discutem-se as espécies recolhidas com o empenho bem visível nestas duas imagens (nota - o dedo com que o Paraíso esclarece é o indicador...)


quarta-feira, 15 de abril de 2009

Vai tudo a eito

Saída de Campo - início da actividade do grupo de Bruçó
Olhos postos no chão - olhem bem, podem estar em qualquer parte!

SAÍDA DE CAMPO
Desta vez, formaram-se dois grupos, cada um com os seus coordenadores científicos (é impressionante - "eles" sabem tudo - a cor, o cheiro, o sabor, quantas vezes se podem comer... tudo!).
Um grupo foi para a Trindade, no planalto Mirandês, e este (sem dúvida o melhor) foi para estes terrenos à entrada de Bruçó, entre Castelo Branco e Lagoaça.
Umas quarenta pessoas ao todo (as da fotografia do poste e mais alguns atrasados), transportados num autocarro e mais três ou quatro carros.
Com o habitual interesse, iniciou-se então a observação/pesquisa/busca/apanha/fotografia dos cogumelos mais interessantes que iam aparecendo .
Como se pode ver, era uma zona de castanheiros, numa aldeia em que a castanha tem um papel importante na economia agrícola local.
O Sr Júlio (acho que se chamava assim, mas se não for também não interessa) chega a certa altura, de carro e mais a mulher, 'que iam apanhar castanhas'. Mais lá em acima, num terreno com uns castanheiros que ali têm, mas dava jeito deixar ali o carro...
Com o reconhecimento de alguns amigos no grupo e mais dois dedos de conversa, lá foi abrindo o jogo e confidenciando
- Estava no café (em Bruçó), e já lá tinha chegado a notícia.
- "olha, chigou agora ali uma camionete carregada de mulheres, sairam de lá todas com as cestas, vão apanhar as castanhas todas" - "levam tudo a eito"!
Em defesa da honra e como esclarecimento, devo informar que não era verdade! É um exagero - Não eram só mulheres, também havia muitos homens...
Ah! E micologista que se preze até nem gosta de castanhas... Têm ouriços, fazem azia e gases malcheirosos...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Petiscos de Pic-nic


Faz parte, e para alguns não faz apenas parte, faz a totalidade do encontro, o pic-nic junto à barragem de Penas-Roias. Uma imagem só para abrir o apetite, demonstrativa do empenho gastronómico que alguns companheiros colocam no evento. Ele são os peixinhos de escabeche do Sabor (para quem não saiba, Sabor é rio afluente do Douro e pronuncia-se como "a" aberto) com um sabor (com "a" e boca fechados) de arrepiar, ele é o pão de urtigas, ele é a tarte de frutos vermelhos e azuis, ele são aqueles frutinhos exóticos vindos dos lados de Tarouca... e o resto, e o resto de que se não pode escrever a horas de jantar.

A Pantorra no Outono - Aula de tabuada

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
TEXTO DESTA PUBLICAÇÃO
CENSURADO, RETIRADO, APAGADO
PELO PRÓPRIO AUTOR
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Absoluto e relativo

O absoluto e o relativo que se confontam em nós numa disputa lúdica pela validade sensorial.
Por mim, ganha o relativo. O absoluto pouco vale, e serve apenas como ancoradouro métrico de valorização exclamativa do relativo.
Atão e porquê?!
Parece que é pesado, ainda que seja leve... é pesado!
Parece que está frio, ainda que estejam 30 graus... está frio!
Parece que demorou uma eternidade, ainda que fosse apenas um instante... demorou muito, e “prontos”!
Poderia continuar por aí acima ou por aí abaixo a desenrolar esta espiral pseudo-filosófica até chegar aonde eu quero ou ao polo oposto, mas que interessa?
Preocupa-me pouco o que possam pensar, porque não o vão ler, mas quero ficar em paz comigo.
Explico-me melhor.
Em Novembro passado, dia 17 (podem confirmar, ainda aqui permanece escrito), prometi que iria contar o que foi o X Encontro Micológico da Pantorra. Que não sabia quando, mas que não iria demorar.
Dia 17 de Novembro, ainda nem passaram cinco meses, lembro-me perfeitamente como se fosse ontem. Parece que foi ontem!
Deixem-me fazer a conexão com o início deste texto – parece que foi ontem... Foi ontem!
Dois dias, um tempo tão curto, apesar do frio e das neves de um Inverno que entretanto começou e acabou, de uma matança do porco em Linhares cujo petiscoso almoço me deixou literalmente de rastos, apesar de uma hérnia “de escala” que me mandou para o estaleiro seis semanas... de aturar não sei quantos clientes, que mesmo quando não pagam são cada vez mais esquisitos,,, Tão breve foi o tempo, que a Libra Esterlina de Sua Majestade não teve sequer tempo para descer mais de trinta por cento em relação ao Euro, nem a gasolina teve tempo de descer mais do que dois ou três cêntimos por litro...
Tudo isto em dois dias de tempo relativo...
Se alguém se deu ao trabalho de ler isto, já reparou que é mais fácil escrever sem dizer quase nada do que falar do Congresso da Pantorra que já foi e já quase lá vai para fora da minha memória.
Mas faz sentido, este gesto escusatório, se souberem o susto que apanhei quando há dois dias recebi o email da Anita a informar sobre a Assembleia Geral da Pantorra e a saída da Primavera, daqui a menos de duas semanas.
O quêêê?!!! Jaáá???!!!
Aqui eu dei-me conta que tenho este blog, há que o manter respeitável, e como não sou político, tenho o dever de cumprir o prometido.
Por isso, vou fazê-lo
Hoje já é um pouco tarde, as miúdas começam as aulas amanhã, tenho a password do blog lá em baixo, o outro computador está desligado e não tenho acesso às fotografias...
Bom, já entendi a vossa compreensão e acordo, portanto amanhã publico isto e mais qualquer coisa, talvez umas fotografias valeu?
Pronto, então obrigado e boa noite a todos.
(escrito ontem à noite e publicado hoje à tarde - curiosamente - um ano menos vinte minutos depois de ter iniciado a publicação deste Blog)