segunda-feira, 28 de abril de 2008

CASTELO BRANCO I

Vista aérea parcial de Castelo Branco


Vista panorâmica de Castelo Branco desde o alto de Vale de Porco, como quem vem de Mogadouro


Fotografia tirada desde o alto do caminho para Meirinhos.


Embora seja Mogadouro a Capital do Cogumelo, o facto é que é em Castelo Branco onde eles crescem em maior número e da mais fina qualidade (essa é que é a verdade, até que alguém prove o contrário...).
Esta é uma referência que é justo fazer-se. Para quem não sabe, Castelo Branco é uma bela aldeia transmontana, a dez kilómetros da sede do Concelho de Mogadouro, de que eu gosto particularmente, e que podem visitar em http://castelobranco-mogadouro.com/.
Por mera coincidência também é a aldeia onde nasci eu e mais três dos meus cinco irmãos (os outros dois, "mais finos", foram nascer à vila...) mas isso não tem nada a ver para o caso. Nada mesmo, como devem calcular


Nota - todas as fotografias publicadas neste blog e cujo autor ou origem não são referidos, são da autoria do próprio autor do blog.



quarta-feira, 23 de abril de 2008

MOGADOURO I




Três vistas de Mogadouro, Capital do Cogumelo:
1 - "Rotunda dos Cogumelos", nas saídas para Macedo de Cavaleiros e para o Aeródromo. Três Exemplares da micologia local, da esquerda para a direita - Macrolepiota procera (Róculo), Boletus Edulis (Míscaro) e Morchella esculenta (Belfuradinha ou Pantorra, que dá o nome à Associação micológica). Esculturas em granito por Manuel Barroco, um escultor local, mais precisamente, de Quintas das Quebradas.
2-"Contraste" - o moderno e a História. A novíssima Casa das Artes e Ofícios e o velhíssimo castelo, que parece estar mesmo ali, mas que dista cerca de 900 metros.
3 - "Actualidade" - em primeiro plano, a Casa das Artes e Ofícios. Ao fundo, a Biblioteca Trindade Coelho. Ao centro, ainda mais lá, a Capela de Nossa Senhora do Caminho.

Cogumelos e Xampinhom

Regressados da Roça de Santa Bárbara, entre Quibaxe, Quiaje e Camabatela no Norte de Angola em direcção à Muxima, o Paraíso nas margens do Cuanza onde ficava o nosso quartel, cansados de andar pelo terreno acidentado a proteger a apanha do café e fartos de comer Ração de Combate "Tipo E", já muito próximo de Luanda parámos num restaurante de estrada para recompor forças.
Eram meados de Fevereiro de 74 (como o tempo passa).
Sentados à mesa, consultamos a ementa. Em letra redonda, um prato especial - "Bifinhos com Cogumelos e Xampinhom".
Intrigado com tão original prato, resolvo pedir esclarecimentos ao empregado:
- Então explica aqui como é que é este prato!
- Cogumelos, você sabe o que é? São cogumelos.
- Sei, e Xampinhom, é o quê?
- Então, Xampinhom é o molho...
Não me lembro se estava bom ou não, mas devia estar delicioso - tanto o bife, como os cogumelos, como o próprio Xampinhom.
(é uma das milhentas estórias verídicas que a tropa deixou tatuada ad eternum na nossa memória)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Sonhos "de" Cogumelos




Não sei os sonhos são um doce conventual ou prisional, mas são seguramente originários de alguém que tinha todo o tempo do mundo.
Para mim, fazer sonhos é um pesadelo. Mas mesmo assim, gosto
Esta receita tem duas variantes, muito próximas mas significativamente diferentes

RECEITA 1
Ingredientes:

Cogumelos Agaricus (vaiedade "supermecadus") frescos
Cogumelos Boletus Edulis fatiados, secos
Açúcar
1 Laranja
Farinha
Ovos
Azeite
1 limão
Vinagre balsâmico

Faz-se assim - de véspera, cortam-se os "champignons" e a laranja em fatias de 3 a 4mm (foto 1). Numa taça (malga, tigela) vão-se colocando arrumada e sequencialmente camadas de - açúcar, laranja, cogumelos, açúcar, cogumelos, laranja, fechando com com laranja coberta de açúcar. Sela-se com plástico aderente de cozinha e guarda-se até ao dia seguinte (foto 2).

No dia seguinte, hidratam-se as fatias dos Boletos, coa-se a água, que é bastante aromática, e usa-se para fazer a massa dos sonhos (se não souberem como se faz a massa dos sonhos, perguntem à Tia Lai, mas é fácil - a tal água, um belo fio de azeite e um pouco de sal, a ferver numa panela, a que se junta de uma vez só a farinha; mexe-se energicamente, retira-se e deixa-se amornar; vão-se juntando um a um os ovos - proporcionalmente, 12 por kilo de farinha - que se misturam com a massa à mão; depois de bem misturados e a massa bem mexida, está pronta a fritar)

Deita-se a massa aproximadamente do tamanho de uma noz numa caçarola com bastante óleo pouco quente, e deixa-se fritar lentamente (é aqui que os sonhos se transformam em pesadelos). até crescer bastante e se transformar em sonhos douradinhos Se a massa estiver bem feita, nem sequer é preciso virá-los, eles encarregam-se disso.

Entretanto, durante a noite o açúcar extraiu os sumos da laranja e dos cogumelos, cujas fatias endureceram e se desidrataram, ficando a taça com um xarope misturado (foto 3). É um xarope naturalmente doce, com sabor a cogumelo realçado pelo aroma e sabor da laranja. Coa-se tudo (foto 4) para retirar pequenas partículas que se separaram, e deita-se o xarope com as fatias dos cogumelos numa sertã a quase caramelizar lentamente.

Como o sabor dos cogumelos com o xarope (apesar da laranja) pode ser ainda um pouco enjoativo, vamos vamos avivá-lo juntando-lhe traço de vinagre balsâmico e quase no fim duas ou três cascas de limão muito finas e mais umas gotas de sumo de limão.

Pode-se juntar também ou "em vez de", uma folha de menta ou de hortelã, mas é um risco pois por serem muito aromáticas podem desvirtuar por completo o gosto dos cogumelos.

A apresentação (imagem grande) é ao gosto de cada um - com o molho já vertido sobre os sonhos, ou numa taça separada.

RECEITA 2

É quase igual à anterior, para o caso de não terem ou não querer usar Boletos.
De véspera faz-se tudo igual, mas escolhem-se os cogumelos mais pequeninos (ainda fechados) que não se fatiam, colocam-se inteiros ou partidos a meio, no açúcar.
Estes cogumelos são separados, escorridos e polvilhados com açúcar para não escorregarem, e os sonhos são feitos com coração de cogumelo - colher, massa, cogumelo, massa, colher (foto 6), ao estilo de pastel ou bolinho de bacalhau - e fritos como os anteriores.
A grande diferença, está no resultado final - como pérolas em ostras, o abrir dos sonhos revela um cogumelo doce no seu interior.

Ambas as receitas são originais e até hoje, têm tido a aprovação unânime de todos, incluindo os que dizem que não gostam de cogumelos (cá para mim eles têm é medo!...)

Experimentem e disfrutem.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

É assim - Parte III


... enquanto os voluntariosos companheiros e companheiras de lides, escolhem e preparam outras especialidades entretanto também apanhadas - Espargos selvagens e Norças (ou serão Norsas?), que muitos estranham que a gente coma, por serem consideradas venenosas (atenção, não tentem imitar este número em vossas casas, isto é feito por profissionais altamente qualificados e treinados!).
O melhor (digo eu) vem depois - o produto acabado. Os ovos mexidos com as ditas norsas, as batatas guisadas com cogumelos, a tarte de cogumelos com base de farinha integral e top de creme gratinado, o pão de urtigas, as alheiras, chouriços, chouriças e os queijos locais diversos, para além de um infindável rol de petiscos previamente preparados e apresentados a desfilar na passarelle gastronómica a caminho dos nossos esfomeados estômagos.
É assim a parte social da Pantorra.
Mogadouro, saída de Primavera, 12 de Abril de 2008.


É assim - Parte II

Depois, num espaço que há 50 anos foi uma antiga escola da Barragem de Bemposta, que o Manuel admiravelmente reconstruiu e reconverteu em casa de habitação/turismo, e que generosamente disponibiliza, ali mesmo nas bordas do Planalto Mirandês a mirar Espanha, reúnem-se os cogumelos comestíveis colectados, que são escolhidos, separados, lavados, cortados... (não perca o próximo episódio)

É assim - Parte I


Pantorra, saída de Primavera, Mogadouro.

Junto à ribeira de Vale de Porco, pelos lameiros ainda molhados pela chuva da moite, passa-se tudo a pente fino, de erva em erva, à procura de um cogumelo que valha a pena. Há sempre um coordenador que sabe tudo, o nome vulgar, o nome científico, a variedade, a cor, o sabor, o cheiro, etc, etc e ainda mais etc.

É uma delícia ouvi-los.

E se não houver cogumelos, há grilos ou vacas-loiras, orquídeas ou junquilhos, ou outras flores que são verdadeiros colírios para os nossos olhos.

É assim o contacto genuíno com a natureza "de certo", "de-certo" ou simplesmente "decerto", tanto se me dá.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Primeira Dentada


É uma Amanita Muscaria, esta primeira dentada fotográfica. Espécie tóxica que cresce no Outono. Esta cresceu em floresta de plátanos, perto de Lagoaça, Freixo de Espada à Cinta, em Outubro de 2006.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Página Zero

São dois encontros por ano, ambos com saída de campo. No fim de semana passado, foi o de Primavera, em Mogadouro, como todos os outros.
Este é mais restrito, mais familiar, mas no Outono, em final de Outubro / início de Novembro, quando "eles" aparecem, "nós" aparecemos também, e em grande número.
Eles, são os cogumelos. Nós, os membros da Associação Micológica "A PANTORRA", que este ano comemora dez anos.
Adiante, eu e outros mico-entusiastas que sejam visitantes/participantes proactivos deste blog, haveremos de falar mais sobre "A PANTORRA", a sua história e as suas actividades, assim o espero.
Este espaço virtual, que me surgiu criar com algum carácter de urgência, em boa verdade para aproveitar o nome (ainda) disponível e ligá-lo à nossa Associação na blogosfera, pretende ser um ponto de encontro onde se fale de cogumelos, em toda a sua abrangência.
Da minha parte, não esperem muito mais do que entusiasmo e boa vontade. Fotografias e se calhar gastronomia, e nada mais, que os conhecimentos publicáveis ficam-se por aqui.
Estejam portanto à-vontade, participem, participem sem se sentirem constrangidos por manifestar alguma ignorância, pois não vão estar sozinhos, eu também já cá estou. Curiosidade e interesse, são mais do que suficientes para justificar a sua presença.
Todos os aspectos de carácter mais científico, espero que outros mico-companheiros de boa vontade aqui venham colaborar e dar um apoio qualitativo a este espaço que é de todos e está desde já à vossa disposição.
Guilherme S.